Midia Recôncavo - Oficial - Por Anderson Bella

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Irmandade da Boa Morte será tema de aula na Biblioteca Pública do Estado (Salvador)

A abordagem enfocará aspectos relevantes da cultura africana. Resistência e privacidade são palavras que resumem o contexto passado e atual da cerimônia. Com o tema: “Senhoras da Morte: ancestralidade africana e culto à Virgem Maria no Recôncavo Baiano”, o Curso Conversando com a sua História, realizado pelo Centro de Memória da Bahia da Fundação Pedro Calmon/SecultBA, abre o segundo semestre do Ciclo de palestras. A primeira aula gratuita acontecerá na próxima segunda-feira, dia 1º de agosto, às 17h, e será ministrada pelo professor Luis Claudio Nascimento, na sala Kátia Mattoso da Biblioteca Pública do Estado (Barris). Vale ressaltar, as pessoas que manterem 75% de presença do curso receberão certificado. Interessados podem se inscrever, diariamente, das 9h às 17h, pelo telefone 3117-6067 ou através do email: cmb.fpc@fpc.ba.gov.br.


Criador do blog Cachoeira On Line, espaço que publica fatos do cotidiano, história e cultura da cidade de Cachoeira, Luiz Cláudio Dias do Nascimento, mais conhecido como Cacau Nascimento é licenciado em História, pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e mestre em Estudos Étnicos e Africanos, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente foca suas pesquisas nas heranças africanas na história e cultura do Recôncavo Baiano. Dentre as suas publicações, destacam-se o livro “Bitedo – onde moram os nagô: redes de sociabilidades na formação do Candomblé Jêje – Nagô no Recôncavo Baiano”, resultado da dissertação de mestrado pela UFBA. Recentemente desenvolve uma pesquisa ainda em processo de conclusão sobre o papel político da mulher negra nos processos abolicionista em Cachoeira e cidades vizinhas.

Na aula, o professor Cacau Nascimento apresentará sua pesquisa realizada desde 1979 e enfocará os aspectos africanos do ritual religioso da Irmandade da Boa Morte, mostrando o processo de descentralização e retrocesso da cultura afro-religiosa e da identidade africana do Recôncavo. Para Cacau Nascimento, “este fato é conseqüência da descentralização econômica, do ’turiscismo’, da modernização e da espetacularização a qual se encontra atualmente a cerimônia religiosa”. De acordo com o pesquisador, “A Irmandade da Boa Morte possui uma importante contribuição política, histórica, cultural e religiosa para a comunidade negra brasileira, mas atualmente o lado profano, o exótico e a perspectiva econômica da ato sagrado estão impedindo a perpetuação desta cerimônia é mais cultuado, pois a invasão identidade importância histórica e cultural desta cerimônia religiosa que é caracterizada pelo mistério que a cerca”, ressalta.
Para Cacau Nascimento é necessário preservar o ritual, oferecendo a privacidade necessária. “Diferente dos cachoeiranos que entram às suas casas para as Irmãs da Boa Morte realizarem suas liturgias sagradas e secretas, os turistas, envolvidos no ritual profano e carnavalesco, desrespeitam essa privacidade e resguardo. É preciso repassarem o conhecimento matriarcal da tradição que está se perdendo”, destaca.

Promovido desde 2002 pelo Centro de Memória da Bahia, unidade da Fundação Pedro Calmon/SecultBA, o curso Conversando com sua História oferece aulas gratuitas ministradas por diferentes historiadores e pesquisadores, ampliando olhares e perspectivas sobre aspectos relevantes da história da Bahia. O tema da próxima aula, que acontece no dia 8 de agosto, será “Patrimônio etnográfico e arqueológico dos terreiros de Candomblé de Salvador”, ministrado pelo professor Ademir Ribeiro Junior.

Serviço

O quê: Curso Conversando com sua História
Quando: 1 de agosto ( segunda – feira ), às 17h.
Onde: Sala Kátia Mattoso – auditório da Biblioteca Pública do Estado (Barris)
Gratuita

Informações: Jornal do Brasil

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