O melhor torcedor do mundo e a democracia
A ansiedade pela estreia de Bahia e Vitória no Campeonato do Nordeste é
uma tônica nas redes sociais. A torcida baiana não sabe bem o que
esperar de um Bahia e Vitória que não abriram seus clubes e nem se
tornaram mais democráticos aos moldes dos co-irmãos nordestinos Sport-PE
e Náutico-PE. Os clubes baianos com isso demoram a se encaixar nesse
novo conceito de ver o futebol como empreendimento em que não cabem mais
aventuras familistas e ligadas a poucos objetivos claros que tornem
suas marcas nacionalmente respeitadas.
O campeonato do Nordeste, com transmissão da Rede Interativa e a da Rede
Globo, foi um avanço, é verdade, desse arrojo empresarial do Sr. Paulo
Carneiro, ex-presidente do Vitória, uma luta árdua da Liga Nordestina, e
um grande avanço para o futebol do nordeste, contudo falta aos homens
que comandam o futebol a visão institucional que vai além da briga
comercial e competitiva por buscas de novos mercados. A torcida baiana
não aguenta mais ser mera espectadora de times que brigam para não cair
no Campeonato Nacional e que assistem ano após ano o Brasileirão se
tornar uma espécie de campeonato espanhol onde a fórmula de disputa é
completamente anacrônica para as pretensões de Bahia e Vitória nos
moldes ainda coronelistas com que se organizam e pensam o futebol.
Coloquei em razão proporcional o coronelismo do futebol baiano em
evidência porque um futebol que não impõe respeito internamente não pode
exigir que seja respeitado fora da Bahia. O Bahia, como exemplo, vai
para o segundo mandato de seu Presidente, um arrojado rapaz que
conseguiu colocar de volta o Bahia na série "A" e recuperar hegemonia
regional, mas que fica limitado pela cultura familista local com um pé
em velhos métodos de afastar de sua gestão uma modelo de clube mais
fiscalizado, transparente e que agregue a sua marca um maior incentivo
de seu maior capital: a capacidade de sua torcida se associar e criar
receita para o clube em menor dependência de verbas publicitárias de
televisão.
Voltando ao exemplo de Recife, o Náutico e o Sport-PE, hoje, são os
clubes com maior potencial de crescimento no nordeste em razão de uma
mentalidade nova surgida também em Pernambuco de que sem democracia não
se pode construir instituições maduras capazes de superar crises cada
vez mais ligadas ao mundo do futebol nacional competitivo. A
criatividade de novos grupos que chegam ao poder contribuem para a
institucionalização assim de uma nova cultura mais solidária com os fins
estatutários do clube de avançar sobre as dificuldades nacionais do
futebol sem submergir em lutas internas sectárias sem regras de jogo
claras para os diversos grupos de interesses no futebol que
identificam-se com a grandeza desse esporte maravilhoso.
O governo federal, inclusive, demonstrou claramente que tipos de clubes
poderão sobreviver nesse novo modelo de clube democratizado com claros
benefícios fiscais para quem souber transpor esse familismo sectário.
Nossos clubes devem superar uma mentalidade de coronelismo que quase
sempre pára numa delegacia mais próxima ou coloca a máquina judiciária
para trabalhar em plantão judiciário sem possibilidade de se encontrar
soluções duradouras para seus propósitos políticos de poder gerar
segurança institucional no clube. É possível que em breve a
democratização de nossos clubes voltem a emergir em períodos de crise,
mas seria muito melhor uma revolução sem armas, com regras limpas e com a
criação de uma cultura de valorização do torcedor baiano, o melhor
torcedor do mundo. Informações do Futebol Baiano
Origens da democracia no futebol. Um bom vídeo para seu deleite.
Marcadores: Esportes
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