Secretária de Ação Social é exonerada do município de Amélia Rodrigues.

Entrevista com Arlene Martins - Secretaria Ação Social Exonerada do município de Amélia Rodrigues.

Após ser exonerada do cargo a ex-secretaria Arlene Martins concede entrevista ao radialista Quirino. Nesta entrevista ela “abre o verbo” e fala sobre os motivos de sua exoneração que segundo o prefeito foi por falta de compromisso dela e incompetência, fato que confirmamos com o prefeito, contudo, ele não pode nos passar os detalhes, pois estava em Salvador. Prometendo dar detalhes assim que possível. Porém a secretaria contesta as acusações de incompetência apresentando uma lista de ações perante a sua gestão, como: A elaboração de fóruns, mudança de horário de atendimento da secretaria para um horário comercial e eficiente, pois antes era praticamente um posto de distribuição de cestas básicas e não atendia a população, além de ações de combate as drogas, usar de sua influencia junto ao Governo do Estado para obtenção de convênios importantes para o município. Ela também imputa a sua competência a compra de um carro próprio para o município e muitas melhorias feitas pela sua gestão.
Em contrapartida ao prefeito, ela diz que sua exoneração foi por motivo exclusivamente político, por discordar do apoio dado pelo prefeito a candidatos que não tem a visão do partido (PT), preferindo ela dar apoio aos candidatos Marcelino Galo e Valmir Assunção candidatos a deputados estadual e federal. Além do prefeito ser uma pessoa que está governando sem ouvir a executiva do partido, nem abrir canal de dialogo com os secretários, fazendo assim um governo independente de todos, ferindo a visão partidária. Para endossar a sua argumentação ela cita vários exemplos como as compra de bicicletas e motos para a Saúde, quando, segundo os Agentes, eram mais necessários a compra de fita métrica e balanças que faltam e são básicas.
A ex-secretaria reitera que é Petista convicta e pretende continuar trabalhando pelo município de Amélia Rodriges e dar total apoio ao partido, pois no partido tem muita gente de boa índole.

Repórter - Qual o motivo de sua exoneração?
Arlene - O prefeito alegou que foi falta de compromisso meu, falta de ações, incompetência, que a comunidade de Amélia Rodrigues estava toda insatisfeita com o meu trabalho. Eu acho que as minhas ações podem falar mais do que eu. Quando eu assumi a gestão em 1º de janeiro de 2009, a Secretaria de Ação Social ela só funcionava, a secretaria anterior, só atendia 02 (duas) vezes por semana de 08:00 ao meio dia, e nós determinamos o horário administrativo todos os dias da semana de 08:00 às 14:00h; só que eu nunca tinha horário para sair. Sempre trabalhei até altas horas, sábado e domingo em sistema de plantão, ou seja, de domingo a domingo. Então a Secretaria, infelizmente, era vista apenas como só para distribuir cestas-básicas, entregou casas populares de forma irregular, e nós assumimos uma política do que é assistência social hoje no Brasil. Então poderia muito bem enumerar algumas ações que foram realizadas no meu gerenciamento:
- Primeiro Fórum sobre drogas - Primeiro fórum diversidade sexual
- Primeira conferência de assistência social
O foco hoje muito importante e preocupante em Amélia Rodrigues é a questão das drogas, então diante deste primeiro Fórum nós podemos agir e mostrar a comunidade que viemos para trabalhar esta temática, as ações começaram a acontecer a partir deste fórum, e graças ao meu bom relacionamento com o Governo do Estado, na época o secretario Valmir Assunção frente a Secretaria de Desenvolvimento e Combate a Pobreza do Estado da Bahia, ele foi um grande e é ainda um grande parceiro meu aqui em Amélia Rodrigues, eu consegui assinar dois convênios com dois Centros de Recuperação, o Dr. Jesus e o Nova Vida. Através de minha intermediação junto ao ex-secretario, hoje Deputado Estadual Valmir Assunção, firmamos um convênio com o Bahia Cole e hoje as pessoas que procuram e espero que continuem procurando a secretaria atrás de ajuda para internação, eles vão ser inseridos dentro deste programa social importantíssimo desenvolvido pelo Governo Wagner.
A questão do Bolsa Itinerante e Casa Itinerante foi desenvolvida através de minha ideia, ou seja, não esperamos que a comunidade venha até o Bolsa Família para ver atrás do CREAS e sim o Governo ir até a comunidade e saber das dificuldades que as pessoas têm de vir ao centro, até por questão financeira; então nós vamos; isso foi criado também sobre a minha gestão.
Nós compramos o primeiro carro próprio da prefeitura através do IGP do Bolsa Família, na minha gestão. Comprei agora, antes de sair 40 bicicletas e 04 motos para poder ajudar a Saúde atender os beneficiários do Bolsa Família. Aí acho que houve uma falha em relação; que o Prefeito determinou esta compra, ele não ouviu, por exemplo os agentes de saúde para saber se era interessante neste momento comprar as bicicletas. Pessoas da Saúde falaram que preferiam ter balança e fita métrica que eles não têm para ajudar os trabalhos. Então eu acho que esta falta de comunicação foi também um fator que dificultou muito as nossas ações.

Eu digo que eu sou Petista realmente, militante, filiada, e eu vejo que hoje a gestão do PT não é a gestão do PT que acreditamos

Repórter - É difícil se comunicar com o prefeito de Amélia Rodrigues? E os Secretários?
Arlene - Infelizmente! Eu digo que eu sou Petista realmente, militante, filiada, e eu vejo que hoje a gestão do PT não é a gestão do PT que acreditamos, como por exemplo: temos em Vitória da Conquista o Prefeito Guilherme Menezes, que faz um trabalho de excelência, um trabalho voltado dentro da proposta Petista. Há uma dificuldade grande sim, porque eu vejo que os secretários não têm autonomia de escolhas dos próprios cargos de pessoas que vão trabalhar em sua equipe e até de troca de ideias, falhas, por exemplo, na reuniões de secretários que a princípio deveriam ser mensalmente. Mas eu acho que a falta de comunicação é o que mais dificultou.

Repórter - O PT ajuda ou atrapalha, a sucessão de Wagner em Amélia Rodrigues?
Arlene - Olha, o que tem dificultado é a ação do próprio executivo, porque a executiva do partido tem de todas as formas tentado dialogar com o prefeito, para juntos estarmos administrando o município, que nós lutamos para ter esta conquista, depois de tantos anos no poder de um partido. Então há muita dificuldade, o gestor principal ele não ouve a executiva, ele não segue as determinações, ele não conversa para discutir cargo, nem as exonerações.

Repórter - Então neste caso, o executivo ele esta dificultando, pela falta de sintonia, principalmente com a Câmara Municipal de Amélia?
Arlene - Justamente, agente tem hoje um representante do Governo, do PT, apenas um, e o diálogo é muito difícil. Eu acho que não é essa a proposta do nosso partido.

Repórter - O que a senhora desejaria fazer na sua ex-secretaría que não fez, nesse período?
Arlene - Veja só, eu na semana antes de São João, adquiri mais dois programas para a Secretaria, que foi o CREAS e Programa de Aquisição de Alimentos, então são dois grandes Projetos que reafirmo pela minha relação junto a secretaria do Estado, pela credibilidade do meu trabalho foi determinado esses dois programas que estão em Amélia Rodrigues. Me deixam triste em saber que não vou poder acompanha-los de perto. Mas, enquanto eu for moradora de Amélia Rodrigues e como Petista eu vou estar cobrando essas ações, não tenham dúvida, são duas ações que eu tinha muitos projetos, principalmente para os dependentes químicos, ex-dependentes, familiares que seriam nosso foco principal no CREAS.

Repórter - Mesmo que o prefeito e o governador sejam do PT, a senhora sente que poderá haver algum problema para a pessoa que venha a suceder?
Arlene - Eu acredito em relação ao nosso governador Wagner, a Dilma, futura presidente, nós vamos estar aí apoiando os nossos candidatos a deputados estaduais, federais. Nós vamos estar dando toda a força, sim, porque precisamos mudar a história, principalmente a história social deste país, desta cidade de Amélia Rodrigues. Então a força vai continuar havendo para elegermos os nossos candidatos sim. Porque no PT existe pessoas sérias, pessoas compromissadas, principalmente com o social. E essa é a visão dos meus deputados. Agora no meu ponto de vista, da minha demissão, eu acho que coincidiu que na sexta-feira eu recebi a visita do meu candidato a deputado estadual, juntamente com a família dele, na minha casa para assistir o jogo; só que quando souberam que ele estava em minha casa, foi um entra e sai que não teve tamanho, e coincidentemente segunda-feira eu fui demitida. Eu digo isso tranquilamente, porque eu falei isso com o prefeito, que eu tinha certeza que a minha demissão era por questões políticas, porque eu não apoio os deputados estaduais e federais dele, os meus são do Partido dos Trabalhadores, tanto estadual que é Marcelino Galo e Valmir Assunção deputado Federal, porque são os candidatos que têm a visão social de transformação. Haja vista os projetos sociais deles.

Repórter - Então neste caso a senhora, fora os candidatos, aqui a senhora não marcharia com a tendência interna do partido?
Arlene - Sem duvida! Isso ficou muito claro, mesmo antes de começar a campanha para prefeito. Isso sempre foi muito claro, fui muito honesta com ele, ao lhe falar: Os meus candidatos não são os mesmos que os seus. Eu não comungo com a ideia dos seus candidatos. Então eu fico muito tranqüila porque ele sabia quando estava me convidando. Quando ele me convidou para fazer parte do governo, eu trabalhava 10 (dez) anos em outra empresa de educação de referência em Salvador, aceitei porque acreditei que ele estava nesta proposta. Então não é surpresa para ele que os meus candidatos seriam Marcelindo e Valmir Assunção, esses são os meus candidatos.

Repórter - Então Agradecemos e desejamos sucesso e que o PT continue em Amélia Rodrigues.
Arlene - Sem dúvida, eu tenho pretensões de continuar desenvolvendo um trabalho social em Amélia Rodrigues, o PT é um nome forte, e não vai ser este entrave, esta história um pouco manchada que vai deixar derrubar o PT em Amélia

Por Quirino
Fonte: Jornal A Voz da Região
Foto: Janil Fotos