Decadência precoce: irregularidades corroem a jovem UFRB
Problemas administrativos e infraestrutura deficiente deixam instituição em crise
A universidade federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) surgiu há seis anos para aumentar o acesso dos jovens do interior do estado ao ensino superior. Na ocasião, foram criados 34 cursos, distribuídos em cinco centros nas cidades de Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Amargosa e Cachoeira. Hoje, a escola tem 509 professores e, em 2010, 5.091 alunos foram matriculados em 32 cursos de graduação e nove de pós-graduação. Mas a enorme estrutura não é sinal de sucesso. Faltam material, segurança, assistência aos estudantes e até itens essenciais aos cursos, como hospitais universitários e laboratórios. A instituição está mergulhada numa crise profunda e, segundo estudantes, não há condições mínimas de ensino. O estopim do problema veio com um relatório divulgado pela Controladoria Geral da União (CGU), apontando sérias irregularidades. Insatisfeitos após discussões sobre a degradação da instituição, eles ocuparam por 40 dias o prédio da reitoria, em Cruz das Almas. No dia 10/10, com a promessa do reitor Paulo Gabriel Soledade Nacif, de atender a 35 das 106 reivindicações feitas pelo movimento estudantil ‘PararParaMobilizar’, o corpo discente desocupou o edifício, mas o clima de protesto permanece. “Resolvemos sair para garantir as migalhas que conseguimos, mas o movimento continua. Vamos discutir a metodologia que utilizaremos daqui para a frente, mas não ficaremos parados”, explica a estudante de comunicação social Rose Cerqueira, 27.
Estrutura falha
As principais queixas se relacionam à estrutura deficiente, ilustrada pela falta professores especializados, laboratórios, equipamentos e até livros da bibliografia básica de grande parte dos cursos. “Temos que tirar xerox de quase tudo, o que é pirataria. Em muitos cursos, o material vem de livros dos próprios professores. Estamos sendo induzidos ao crime”, critica o aluno de história Washington Andrade, 34. Além disso, apesar de novos, os prédios da UFRB já apresentam vários problemas, como rachaduras e frequentes alagamentos. No campus de Cruz das Almas, a iluminação é insuficiente, provocando insegurança durante a noite. Em Cachoeira, instalações elétricas e hidráulicas param de funcionar constantemente. Quando o assunto é acessibilidade, há dificuldades em todos os prédios. Para concluir, as vias de acesso aos campi são limitadas. “Temos aula até tarde da noite, mas o transporte intermunicipal só funciona até as 18h”, lamenta a aluna Rose Cerqueira.
Transbordando irregularidades
O cúmulo da má administração dos recursos da UFRB está materializado no inacabado Hospital Veterinário. “Há dinheiro para a conclusão das obras, mas a empresa licitada para a construção faliu”, conta a aluna de comunicação social Rose Cerqueira. Enquanto isso, a parte do edifício se degrada sob chuva e sol. “Uma turma de veterinária deve se formar no semestre que vem, mas nunca teve aulas práticas. O curso de enfermagem está seguindo o mesmo caminho”, aponta o estudante de história Washington. O relatório da Controladoria Geral da União (CGU), publicado em 19/4, é resultado de uma auditoria solicitada pela própria UFRB e constatou “superfaturamento e superestimativa de serviços nas obras no campus de Cruz das Almas”. O documento mostra 17 irregularidades que vão do uso de material de qualidade inferior ao licitado em obras até exercício ilegal da engenharia civil. Os prejuízos efetivos, segundo a CGU, são de R$ 69.976,69, mas, com as consequências, podem ultrapassar os R$ 100 mil.
Inoperância e preconceito
“Todos os problemas são fruto da má administração. Exigimos a retirada de Nacif do cargo”, reclama Paulo Ricardo dos Reis, 23, estudante de museologia. O reitor ocupa o cargo desde o surgimento da UFRB. “Não tem nem como culpar outra pessoa, o reitor sempre foi ele”, contesta Washington. A reitoria pediu 60 dias para começar a cumprir aos promessas aos estudantes. Segundo Paulo Nacif, “os servidores são do interior, e se a gente for ver pela cor e pela renda deles, vamos ver que as dificuldades são muito maiores. Querer que a UFRB funcione na mesma velocidade das universidades antigas é brincadeira”.
Ócio e silêncio
Apesar de as atividades da universidade terem sido retomadas em 10/10, após a desocupação da reitoria, o Jornal da Metrópole tentou, sem sucesso, contato com a assessoria de comunicação e a reitoria da universidade. Nenhum telefone da UFRB atendeu. Estariam os funcionários adiantando o feriado? Em nota oficial de 11/10, o reitor Paulo Nacif comunica o fim da paralisação e anuncia que “um novo calendário acadêmico para o semestre 2011.2 será divulgado em breve”. No mesmo texto, o reitor pede tranquilidade no retorno às aulas, alfinetando o movimento estudantil. “Esperamos que, na volta às aulas, a cordialidade das relações triunfe”.
(Reportagem de Mariele Góes // Fotos: Dario Guimarães / Grupo Metrópole)
O cúmulo da má administração dos recursos da UFRB está materializado no inacabado Hospital Veterinário. “Há dinheiro para a conclusão das obras, mas a empresa licitada para a construção faliu”, conta a aluna de comunicação social Rose Cerqueira. Enquanto isso, a parte do edifício se degrada sob chuva e sol. “Uma turma de veterinária deve se formar no semestre que vem, mas nunca teve aulas práticas. O curso de enfermagem está seguindo o mesmo caminho”, aponta o estudante de história Washington. O relatório da Controladoria Geral da União (CGU), publicado em 19/4, é resultado de uma auditoria solicitada pela própria UFRB e constatou “superfaturamento e superestimativa de serviços nas obras no campus de Cruz das Almas”. O documento mostra 17 irregularidades que vão do uso de material de qualidade inferior ao licitado em obras até exercício ilegal da engenharia civil. Os prejuízos efetivos, segundo a CGU, são de R$ 69.976,69, mas, com as consequências, podem ultrapassar os R$ 100 mil.
Inoperância e preconceito
“Todos os problemas são fruto da má administração. Exigimos a retirada de Nacif do cargo”, reclama Paulo Ricardo dos Reis, 23, estudante de museologia. O reitor ocupa o cargo desde o surgimento da UFRB. “Não tem nem como culpar outra pessoa, o reitor sempre foi ele”, contesta Washington. A reitoria pediu 60 dias para começar a cumprir aos promessas aos estudantes. Segundo Paulo Nacif, “os servidores são do interior, e se a gente for ver pela cor e pela renda deles, vamos ver que as dificuldades são muito maiores. Querer que a UFRB funcione na mesma velocidade das universidades antigas é brincadeira”.
Ócio e silêncio
Apesar de as atividades da universidade terem sido retomadas em 10/10, após a desocupação da reitoria, o Jornal da Metrópole tentou, sem sucesso, contato com a assessoria de comunicação e a reitoria da universidade. Nenhum telefone da UFRB atendeu. Estariam os funcionários adiantando o feriado? Em nota oficial de 11/10, o reitor Paulo Nacif comunica o fim da paralisação e anuncia que “um novo calendário acadêmico para o semestre 2011.2 será divulgado em breve”. No mesmo texto, o reitor pede tranquilidade no retorno às aulas, alfinetando o movimento estudantil. “Esperamos que, na volta às aulas, a cordialidade das relações triunfe”.
(Reportagem de Mariele Góes // Fotos: Dario Guimarães / Grupo Metrópole)
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial