Radialista Mário de Melo Kertész, em entrevista polêmica ao Bahia Notícias
Mário Kertész: Falta muita coisa. Primeiro, do ponto de vista administrativo, falta um projeto para Salvador. Eu não tenho mais idade, nem vontade, nem preciso me meter em aventura. Ser candidato por ser, por uma questão de orgulho ou vaidade. Eu estou muito bem na rádio há 17 anos. Tem a rádio, tem o jornal, a TV. Eu faço muita política no meu trabalho. Com a equipe que montei, tenho capacidade de entrevistar gente no Brasil todo, discutir política, ajudar a população no entendimento do que seja cidadania e, sobretudo, de ouvir eles também. Só vou se tiver projeto definido. Para isso, o Instituto Metrópole está começando a arregimentar gente para construir este projeto, com participação de vários setores da sociedade. O outro ponto é ter um grupamento político que tenha realmente condições de enfrentar as forças oposicionistas.
BN: A escolha pelo PMDB foi o melhor caminho, na sua opinião, para alavancar este apoio?
MK: O PMDB é um partido forte, pelo qual eu me elegi prefeito de Salvador, e tem condições de tentar construir isso. Estou trabalhando nisto também junto ao DEM, ao PSDB, ao PR e a outros partidos menores. Se não existe, ‘cada um cuide de si’ e eu continuo na rádio 'numa boa'.
BN: A escolha pelo PMDB foi o melhor caminho, na sua opinião, para alavancar este apoio?
MK: O PMDB é um partido forte, pelo qual eu me elegi prefeito de Salvador, e tem condições de tentar construir isso. Estou trabalhando nisto também junto ao DEM, ao PSDB, ao PR e a outros partidos menores. Se não existe, ‘cada um cuide de si’ e eu continuo na rádio 'numa boa'.
BN: E como está o entendimento com ACM Neto? Ele é o que desponta no primeiro lugar nas pesquisas. Já tem entendimento para ele abrir mão dessa candidatura?
MK: Eu entrevistei ACM Neto hoje (quinta-feira, dia 27) e perguntei a ele como estava a situação de Salvador. Ele acha que nenhuma das pessoas que estão neste projeto deve colocar a vaidade pessoal acima da necessidade de se construir alguma coisa para a cidade. Já conversei também com Antônio Imbassahy (PSDB), com Maurício Trindade (PR), com Marcos Medrado (PDT), e eu acho que todo mundo estaria disposto a se juntar em torno de um candidato que pode ser Imbassahy, Neto, pode ser eu ou outro que apareça. Não tem que se colocar agora que Neto tem que desistir. Por que ele tem que desistir agora? A candidatura dele é mais que legitima, ele está em primeiro lugar nas pesquisas. Agora, quando este processo amadurecer, no início do próximo ano, esse grupamento de forças vai examinar os vários fatores que levam à possibilidade de uma vitória. Porque não basta você estar bem nas pesquisas em um determinado momento e depois cair. Precisa saber se você tem apoio político, se tem condições de ter colaboradores, se tem um projeto que realmente fale à população o que é que se está pretendendo para Salvador.
BN: Foi a necessidade desta composição para 2012 que fez você se reaproximar de pessoas como Imbassahy ou o deputado Marcelo Nilo?
MK: O processo político é extremamente móvel. Existiu briga maior do que a minha com Antônio Carlos Magalhães? No entanto, fui visitar ele no leito de morte. Senti muito a morte dele, sinto saudades dele e reverencio ele na rádio. Sou único que falo de Antônio Carlos Magalhães, porque acho que ele teve um papel importante. As pessoas só pegam aquela coisa negativa, que ele teve muito também. Mas ele foi um administrador fundamental para essa cidade. Tive desentendimento brabo com Imbassahy naquele debate da TV Aratu e hoje me dou bem com ele. Por que não? Nem antes, nem agora, tínhamos um relacionamento pessoal, é político. E político rompe e se reestabelece. Não somos inimigos mortais.
BN: Como o senhor avalia a gestão do prefeito João Henrique?
MK: Acho a pior possível. Acho que é uma nau sem rumos, porque ele entrou no governo era do PSDB, foi o PSDB quem viabilizou a vitória dele, dando a ele tempo de TV e suporte político que ele não tinha. Arnando Lessa, Nestor Duarte. Aí ele rompe e entra o PMDB, que foi quem reelegeu ele. Se não fosse o PMDB, ele não se elegeria inspetor de quarteirão. Trai o PMDB, uma traição terrível. Acompanhei de perto, inclusive conversando muitas vezes com ele e com a primeira dama Maria Luiza. E aí faz a reforma ‘Maria Luiza’, em que é ela que coloca as pessoas. Depois ela perde poder e entra o PP. É um prefeito que não tem comando, midiático. Ninguém está satisfeito com Salvador.
BN: Na sexta-feira anterior à eleição de 2008, o Jornal da Metrópole estampou na capa um coração com o número 15, logomarca do PMDB, então legenda de João Henrique, como "publicidade". De alguma forma o senhor não acha que contribuiu para a reeleição do prefeito?
MK: Eu acho que sim, rapaz. Naquele momento, eu achava que João Henrique, com todos os males dele, era a melhor alternativa à oferecida pelo PT. Não é que eu seja contra Walter Pinheiro, um bom quadro – e acho Nelson Pelegrino um excelente candidato, não sei se seria um bom prefeito, e é meu amigo pessoal –, mas o que eu não aceito, e acho péssimo para a Bahia, é se a gente tiver presidente, governador e prefeito do PT. A pior coisa que pode acontecer, a não ser que seja a vontade do povo.
BN: Apesar de se declarar amigo de Pelegrino, em relação à matéria na revista Veja que falou sobre a publicidade do seu programa "Mário Kertész Entrevista", o senhor falou em comentário na rádio que provavelmente Pelegrino ou alguém ligado a ele teria plantado aquele crítica.
MK: Eu acho, porque essa foi a reclamação que Pelegrino fez ao pessoal da Petrobras, o que é um absurdo. A Petrobras financia à larga prefeitos do PT em todo o interior. Ajudou o governo Wagner e ajuda até hoje com largueza de recursos, quando faz um projeto inteligente e bom para a população. No [programa] de Frei Betto havia 1,2 mil pessoas lá, gratuitamente, sem pagar nada. E aí o pessoal fica mordido? Outdoor meu saiu quando comemoramos 10 anos da Rádio Metrópole. Sempre foi feito, porque a rádio é muito ligada a mim, à minha figura. Quando saiu aqui mesmo [Tudo FM] outdoor com Raimundo Varela [ex-apresentador da rádio], ele era tido como candidato. Por que ninguém reclamou? A ação que foi movida pelo Sidney Madruga foi derrotada. A juíza não concedeu a liminar nem o mérito da questão. Agora tudo que eu fizer é porque sou candidato. Não estou me importando com isso. E se na hora eu disser que não sou candidato, Sidney Madruga vai dizer o quê?
BN: O secretário Jorge Solla (Saúde) disse ao Bahia Notícias que se o senhor sair candidato, seu passado virá à tona. Não se sente intimidado por isso?
MK: Nem um pouco. Tem alguns elementos dentro do PT... Jonas Paulo outro dia disse uma besteira a meu respeito, que eu seria um bonde que iria descarrilar. No PT, algumas figuras vão jogar sujo, porque isso é jogo sujo e burro. Desde que saí da prefeitura já me chamaram de ladrão, viado, corno, cheirador de cocaína. Eu sou isso tudo e muito mais outras coisas que vocês não conhecem. Arranjem acusações novas, porque essas velhas... Eu saí da prefeitura há 23 anos. Agora, essas são figuras menores que estão se sentindo ameaçadas. Solla porque eu ataco ele, acho o serviço da pior qualidade, um péssimo secretário, que Wagner não tem coragem ou não quer tirar, não sei a razão. Agora, eu sendo candidato, você acha que Pelegrino vai jogar sujo comigo? Não vai. Nem eu com ele. Porque a gente convive muito. Ele pode dizer que eu sou careca, com 67 anos, que pode ser que morra. Eu vou dizer que ele é um homem bonito, alto. A gente não tem como não manter o debate em alto nível. As pessoas não estão acostumadas com a crítica e logo se irritam. Eu não me irrito não. Se for coisa séria, respondo; senão, dou risada.
BN: O senhor teve problemas de saúde que lhe tiraram da rádio. Tem condições de aguentar o pique de uma campanha eleitoral e a gestão de Salvador?
MK: Há 10 anos fiz cirurgia no coração, coloquei safena, fiquei fora mesmo (Há menos de três anos ele foi submetido a cirurgia cardíaca). Mas hoje os médicos me liberaram. Do ponto de vista de saúde, estou bem. Pode ser que, do ponto de vista mental, eu fique gagá. Eu entro na rádio 6h30 e saio 20h15. Faço seis horas de programa por dia. Viajo muito. O que não posso dizer que de repente possa ter um piripaque e cair duro.
BN: O estudo "Políticas Culturais de Salvador na gestão Mário Kertész (1986-1989)”, publicado pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult), da Ufba, em 1996, apontou a existência de uma dívida da prefeitura de Salvador, de cerca de R$ 400 milhões, em que mais da metade foi herdada de sua administração.
MK: Claro e tem. Essa dívida é real. Agora, é mentirosa quando diz que impedia... essa foi uma campanha sórdida que o jornal A Tarde fez comigo. Primeiro é mentira este negócio de 2014 [seria o prazo para o débito acabar], estamos em 2011 e essa dívida, desde o início da administração de Imbassahy, ele mesmo declarou várias vezes que não o impediu de trabalhar. Eu deixei a prefeitura há 23 anos, rapaz. Herdei dívida até de Thomé de Souza. Brincadeira, mas herdei de Manoel Castro, de Jorge Hagge, de Edvaldo Brito, e nunca saí abrindo minha boca para dizer ‘a dívida está me sufocando eu não posso fazer nada’. Isso é coisa de babaca. Mesmo porque, esta dívida é toda renegociada. No início do governo Fernando José [seu sucessor], ele reclamou muito do sequestro de bens que se fazia e o A Tarde aproveitou. Porque ele estava politicamente contra mim e não se interessou em chamar as pessoas que tinham crédito com a prefeitura e dizer ‘venha cá, a prefeitura deve e eu não posso pagar, vamos recompor esta dívida de outra forma?’. Todo mundo faria porque o objetivo era o de receber. Ele quis fazer o jogo político, orientado por Pedro Irujo [dono do Grupo Nordeste de Comunicação, que detinha a TV Itapoan], para me derrubar. Pedro Irujo pensava naquela época ser prefeito ou fazer o filho dele [ex-deputado Luiz Pedro Irujo] governador, o "Sorvetão". Então eu tinha que sair do caminho, porque as pessoas achavam que eu era um forte candidato a governador. O pior é isso voltar agora.
BN: Uma matéria do A Tarde, do hoje professor Fernando Conceição, fala que o senhor teria criado duas autarquias fantasmas, a Fábrica de Equipamentos Comunitários (Faec) e a Companhia de Renovação Urbana (Renurb). Isso tem veracidade?
MK: Não siga esse autor não, se não você vai se dar mal. O problema de Fernando Conceição é pessoal, que ele teve comigo e Roberto Pinho, que era secretário de Projetos Especiais. A Renurb foi criada por lei quando o prefeito era Jorge Hagge, então não pode ser fantasma. A Faec foi criada por lei municipal, em 1986, quando eu era prefeito. Como podem ser fantasmas duas organizações criadas por lei? Não existe. O problema de Fernando Conceição é que eu tive um entrevero com ele, inclusive físico.
BN: Físico, trocaram tapas?
MK: Não sei se trocamos ou se alguém recebeu. Leia o livro “Cala boca, Calabar” que ele fala disso. Aí ele fez um jornalzinho, o “Província da Bahia”, em que toda edição atacava a mim e a Roberto Pinho com o mesmo argumento requentado. Se alguém voltar com isso vai se dar mal, porque teve uma professora universitária que usou esses argumentos, pegou o que Fernando Conceição escrevia, e fez uma carta para o governador de Brasília, transcrevendo aquilo como se fosse coisa dela e assinou contra Roberto Pinho. Essa carta foi parar na mão de Roberto Pinho, que processou essa professora e ela foi condenada a prisão por um ano. Ela cumpriu pena alternativa.
BN: Foi dito, inclusive, que patrimônios que o senhor adquiriu, a exemplo de ações da TV Bandeirantes e a Rádio Cidade, hoje Metrópole, foram comprados com recursos subtraídos da prefeitura.
MK: Pois é. Teve radialista que disse isso. Agora, eu nunca fui pobre na vida. Meu pai e minha mãe trabalharam muito e quando morreram deixaram uma herança boa para mim e meus irmãos. Eu trabalho desde os 17 anos. Não sou um sujeito estúpido, no sentido mais literal. Sei que não sou nenhuma inteligência, mas trabalhei e acumulei recursos. Eu tenho cinco filhos. Minha filha é presidente nacional da Johnson & Johnson, outro é diretor da Odebrecht, outro é vice-presidente da África [agência de publicidade], outra filha tem uma agência de publicidade em São Paulo e outro comanda o grupo Metrópole. Veio de quê? Do trabalho, da educação que eu dei a esses meninos. Nós todos trabalhamos. Eu sou um judeu de origem, meu pai era um engenheiro húngaro que fugiu no nazismo e veio para cá, constituiu família, trabalhou, ficou rico, deixou uma herança razoável. E ficam pensando que entrei na prefeitura para dar um tapa... Eu sempre vivi bem. Morávamos na Princesa Isabel [avenida de classe média alta no bairro da Graça] em uma casa muito boa. Na casa de meu pai, na época em que se não tinha automóvel nenhum, já tínhamos cinco. Viajamos sempre para a Europa e tudo.
BN: Os jornais da época em que o senhor era prefeito colocavam a frase “Sai da frente que lá vem bonde”. A primeira etapa com ônibus articulados seria entregue em dezembro de 1988 e, na segunda, haveria o bonde moderno, que é um VLT. Nada saiu do papel, por quê?
MK: Por duas razões. Inclusive o que fizeram na Bonocô com João Henrique e Nestor Duarte [ex-secretário de Transportes da prefeitura] vocês não dão a importância que tem aquilo. Aquela avenida ficou toda pronta para receber o trem, o VLT, ou o metrô. Não tinha que suspender nada. Tinha até uma gravação que eu já botei no ar, ele [João Henrique] ficou assustado, dizendo que suspendeu porque ali tem um leito de rio que precisaria ser erguido. Mentira que não tem porra nenhuma disso. Estava tudo pronto, projeto, tudo. No dia que a gente ia começar, o presidente Sarney decretou a moratória do país. Os bancos ingleses que iam financiar junto com o BNDES simplesmente pararam de financiar. A obra foi suspensa. Me sucede Fernando José, que poderia ter retomado isso, mas, como ficou uma coisa muito marcadamente minha, ele não quis. Lídice da Mata não deu bola, Imbassahy veio e achou que já não dava mais para ser somente VLT, pelo número de pessoas que aumentou, e pensou em fazer o metrô. Aí vem João Henrique, para, eu acho, acertar o contrato, deixar ele comercialmente viável, e resolveu fazer aquele elevado. E você sabe que não vai ter estação no Bonocô.
BN: O senhor defendia o VLT, quando prefeito, mas assumiu uma campanha em favor do BRT para Salvador. O motivo foi o custo elevado do metrô?
MK: Eu acho que o metrô tem que ser estadualizado. A prefeitura não tem a menor condição financeira de pagar os subsídios que vão existir. Tenho muitas dúvidas de que o governador Wagner vá conseguir ter o projeto e os recursos para fazer o metrô. O BRT era uma solução, o próprio Nelson Pelegrino defendeu muito, mas agora não, já que ele tem que estar ligado à decisão do govenador. O BRT, o projeto está pronto, o custo seria muito menor e você faria ele e não impediria em um futuro próximo fazer um sistema de maior capacidade. O governador optou pelo metrô, do mesmo jeito que optou pela ponte [Salvador-Itaparica], pensando em criar – porque não tem nada, a ponte é outra quimera – um fundo imobiliário. Você teria que transformar Itaparica em uma área de expansão imobiliária para, inclusive, moradores de alta renda de Salvador. As áreas seriam desapropriadas, o pessoal de lá retirado, as construtoras então ganhariam aquele terreno para fazer grandes empreendimentos com uma vista extraordinária. Eu mesmo gostaria de morar lá.
BN: Seria mais ou menos como o Previs, fundo imobiliário que fizeram para a Costa do Sauípe, e acabou não dando muito certo, não é?
MK: Pois é. Mas ali foi todo o empreendimento privado. Foi a Odebrecht que foi pensando em fazer Sauípe. Aqui é diferente. Os grandes financiadores da ponte iam ganhar dinheiro para financiar a ponte, tirando a população da ilha e construindo lá. Agora você vê que quando o governador lançou o projeto, ele não entrou em detalhe nenhum. É apenas o esquema. E aí fica uma coisa que considero um factóide. Tomara que saia, eu acho ótimo, agora não desse jeito: tirar todo mundo e fazer resorts milionários. E a população nossa que não é milionária, fica como?
BN: O Palácio Thomé de Souza era para ser definitivo. Foi feito aquele provisório pelo arquiteto Lelé em 14 dias. Por que ficou definitivo com aquela estrutura?
MK: Porque é melhor. Primeiro: quando eu era prefeito nomeado, eu consegui com Antônio Carlos trabalhar no Palácio Rio Branco, porque o governador nunca ia lá. Aliás, Jaques Wagner disse que iria despachar lá, até hoje não foi. Aí disse: ‘governador, o gabinete do prefeito era junto do prédio da Câmara, era muito apertado. O senhor me deixa usar o Palácio Rio Branco?’. Foi ótimo. Quando ele brigou comigo e me demitiu, ele chegou e disse ‘nenhum prefeito mais vai trabalhar naquele palácio, para não ficar com vontade de ser governador’. Então, pegou e jogou Manoel Castro no Solar Boa Vista. É uma sacanagem tirar o prefeito da primeira praça dos três poderes do Brasil, que é aquela. Ficou longe de tudo, era uma dificuldade. Na campanha eu disse: se queremos recuperar o Centro Histórico, primeiro é o prefeito voltar para lá. Ali tinha o cemitério de Sucupira. Eu vou contar a história: aquilo ali tinha o prédio do Arquivo Público e da Biblioteca Pública. Era um edifício que não tinha nenhum valor arquitetônico. Antônio Carlos, governador, disse: ‘vamos tirar isso daqui e fazer um local para apreciar a vista'. Clériston Andrade, prefeito, disse: ‘deixe que eu vou providenciar a demolição’. Chamamos Garcia, um espanhol que tinha atuado na guerra civil espanhola contra Franco, e era especialista em explosivos. Decidimos fazer uma implosão, aí marcou-se o dia. Foi Antônio Carlos, o prefeito, todo orgulhoso, eu fui, veio gente de Brasília. Tudo preparado, aquele negócio de apertar, Antônio Carlos foi lá, (apertou) e nada. ‘Peraí, que faltou o fio, e não sei o que...’, esperamos... e nada. Na quarta vez, Antônio Carlos deu um esporro em todo mundo, em Clériston, e foi embora. Tempos depois, já sem a presença de autoridades, se implodiu aquilo ali. Antônio Carlos chamou o arquiteto Valdomiro Cunha, que na época era presidente da Urbis, tinha trabalhado conosco na prefeitura, e pediu para ele fazer um projeto, mas ficou horroroso. Na época se passava a novela O Bem Amado, e começou-se a se chamar o “Cemitério de Sucupira”. Era horrível, da pior qualidade. E aí, quando eu estava na campanha, chamei Lelé, e falei que precisávamos de uma solução para aquilo. A solução que ele deu foi aquela [Palácio Thomé de Souza]. Em 14 dias foi montado. Imbassahy tentou derrubar, a pedido de Antônio Carlos, ele pressionou para tirar aquilo dali. Assis Reis, que é um bom arquiteto, chegou a fazer um anteprojeto. Quando chegaram aqui dois famosos arquitetos espanhóis, de Barcelona, Imbassahy chamou para dar uma olhada na cidade, dar sugestões. Eles foram ao gabinete do prefeito, estava Assis Reis e outras pessoas. Assis falou que estava com um projeto para tirar aquilo dali. Um deles falou: ‘Tirar isso aqui? É a melhor coisa que tem aqui. Porque representa esta época em uma praça que tem vários estilos de épocas diferentes. Vocês fizeram uma coisa contemporânea do melhor nível. Não se pode tirar isso’. Aí Imbassahy desistiu. Depois teve um promotor que deu um prazo para desmontar, mas era uma coisa que não tinha o menor sentido.
BN: Mario Kertész, em sendo confirmado candidato, terá quais projetos prioritários para Salvador?
MK: ‘Em sendo’, eu disse que só seria se tivesse um projeto. Como esse projeto ainda não existe, eu não posso adiantar nada para vocês. Quando tiver, com o maior prazer eu falo com vocês.
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