Arte contemporânea se consolida no Recôncavo
As grandes metrópoles são normalmente as principais referências para a arte contemporânea... Ou pelo menos, é o que se poderia pensar! Na verdade, da mesma forma que a pequena cidade de Kassel, no centro da Alemanha, com menos de 200 mil habitantes transformou-se na meca da arte contemporânea mundial com a realização da Documenta, o município São Felix, com população estimada em cerca de 15 mil pessoas, localizada no Recôncavo Baiano, está se consolidando como o principal centro da arte contemporânea da Bahia, desbancando a capital do estado.
No último dia 24 de novembro, foi inaugurada a décima primeira edição da Bienal do Recôncavo, que apresenta o trabalho de 242 artistas 15 estados brasileiros, e de países como Espanha, México e Portugal. Até o dia 24 de março de 2013, o público vai poder conferir a diversidade técnica e estética de obras que incluem artes gráficas, desenho, escultura, fotografia, grafite, gravura, instalação, objeto, performance, pintura, tapeçaria e videoarte. Os premiados foram anunciados na noite de inauguração. A vencedora do Grande Prêmio foi a paulista, Flora Rebollo, que inscreveu dois desenhos realizados com giz de cera, lápis de cor, intitulado “Mosquiteiro” e “Interior de Chapéu”, sendo agraciada com um curso de especialização na Itália. Dois prêmios especiais foram para artistas baianos: um, de revelação, o Prêmio Artista Destaque da Região do Recôncavo, para Davi Rodrigues (de Cachoeira/BA), o Prêmio de Residência Artística do Instituto Sacatar, para Nerize Portela e Lilian Balbino dos Santos (São Félix/BA). Além disso, cinco artistas receberam Prêmios de Aquisição, sendo três baianos e dois paulistas. O prêmio principal e de residência da Bienal representam uma das principais características do projeto do Centro Cultural Dannemann, que busca investir na formação, com participação de jovens artistas na Bienal e realização seminários, oficinas, workshops e cursos, que possibilitam estimular a articulação de idéias contemporâneas na região.
Reverter o fluxo de consumo cultural da capital para o interior não é tarefa fácil. No entanto, com a política de descentralização e territorialização da cultura implementada nos últimos anos na Bahia, que aumentou a capacidade de atuação de instituições do interior como o Dannemann, aliada a um maior investimento na área das Artes Visuais, como aconteceu com o destaque para os Salões Regionais de Artes Visuais, realizado mais de uma vez por ano, em diferentes pontos do interior do estado, percebemos que sutis mudanças nos fluxos de produção e consumo da arte começam a acontecer.
Se somarmos a este quadro o fato da instalação da Universidade Federal do Recôncavo na região, que gerou uma maior movimentação de agentes e produtores da cultura para as cidades de Cachoeira e São Félix, vemos a criação de um novo “pólo cultural”, atraindo público da região e de fora para eventos já importantes no calendário cultural do estado, como o festival de filmes documentários Cachoeira Doc, a Feira Literária Internacional de Cachoeira – Flica, e o Festival de Jazz do Recôncavo. É claro que não estamos falando de cidades quaisquer. Cachoeira e São Felix são patrimônios do Brasil e da Bahia, ricos em história, com seus casarões centenários e irmandades seculares.
Mas o mais interessante é perceber como estas cidades, mais do que preservar o seu passado e se ancorar num charme histórico, se abriu ao novo, buscando relacionar a tradição cultural de seu povo com a contemporaneidade das artes. A Bienal do Recôncavo, em sua décima edição, é prova disso. Com um projeto simples, que parte de uma exposição e aquisição de obras de arte, ela carrega e difunde um discurso capaz de elaborar uma linguagem artística que contribua efetivamente para a construção de uma imagem da Bahia contemporânea, a partir do que ela tem de mais tradicional. E nada é mais contemporâneo do que este movimento, fluxos e diálogos: entre o interior e a capital, o novo e o antigo, o tradicional e o contemporâneo. Longa vida a Bienal do Recôncavo!
Fabio Pena Cal
Galerista e marchand
No último dia 24 de novembro, foi inaugurada a décima primeira edição da Bienal do Recôncavo, que apresenta o trabalho de 242 artistas 15 estados brasileiros, e de países como Espanha, México e Portugal. Até o dia 24 de março de 2013, o público vai poder conferir a diversidade técnica e estética de obras que incluem artes gráficas, desenho, escultura, fotografia, grafite, gravura, instalação, objeto, performance, pintura, tapeçaria e videoarte. Os premiados foram anunciados na noite de inauguração. A vencedora do Grande Prêmio foi a paulista, Flora Rebollo, que inscreveu dois desenhos realizados com giz de cera, lápis de cor, intitulado “Mosquiteiro” e “Interior de Chapéu”, sendo agraciada com um curso de especialização na Itália. Dois prêmios especiais foram para artistas baianos: um, de revelação, o Prêmio Artista Destaque da Região do Recôncavo, para Davi Rodrigues (de Cachoeira/BA), o Prêmio de Residência Artística do Instituto Sacatar, para Nerize Portela e Lilian Balbino dos Santos (São Félix/BA). Além disso, cinco artistas receberam Prêmios de Aquisição, sendo três baianos e dois paulistas. O prêmio principal e de residência da Bienal representam uma das principais características do projeto do Centro Cultural Dannemann, que busca investir na formação, com participação de jovens artistas na Bienal e realização seminários, oficinas, workshops e cursos, que possibilitam estimular a articulação de idéias contemporâneas na região.
Reverter o fluxo de consumo cultural da capital para o interior não é tarefa fácil. No entanto, com a política de descentralização e territorialização da cultura implementada nos últimos anos na Bahia, que aumentou a capacidade de atuação de instituições do interior como o Dannemann, aliada a um maior investimento na área das Artes Visuais, como aconteceu com o destaque para os Salões Regionais de Artes Visuais, realizado mais de uma vez por ano, em diferentes pontos do interior do estado, percebemos que sutis mudanças nos fluxos de produção e consumo da arte começam a acontecer.
Se somarmos a este quadro o fato da instalação da Universidade Federal do Recôncavo na região, que gerou uma maior movimentação de agentes e produtores da cultura para as cidades de Cachoeira e São Félix, vemos a criação de um novo “pólo cultural”, atraindo público da região e de fora para eventos já importantes no calendário cultural do estado, como o festival de filmes documentários Cachoeira Doc, a Feira Literária Internacional de Cachoeira – Flica, e o Festival de Jazz do Recôncavo. É claro que não estamos falando de cidades quaisquer. Cachoeira e São Felix são patrimônios do Brasil e da Bahia, ricos em história, com seus casarões centenários e irmandades seculares.
Mas o mais interessante é perceber como estas cidades, mais do que preservar o seu passado e se ancorar num charme histórico, se abriu ao novo, buscando relacionar a tradição cultural de seu povo com a contemporaneidade das artes. A Bienal do Recôncavo, em sua décima edição, é prova disso. Com um projeto simples, que parte de uma exposição e aquisição de obras de arte, ela carrega e difunde um discurso capaz de elaborar uma linguagem artística que contribua efetivamente para a construção de uma imagem da Bahia contemporânea, a partir do que ela tem de mais tradicional. E nada é mais contemporâneo do que este movimento, fluxos e diálogos: entre o interior e a capital, o novo e o antigo, o tradicional e o contemporâneo. Longa vida a Bienal do Recôncavo!
Fabio Pena Cal
Galerista e marchand
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