Enxaqueca pode ter relação com doenças cardiovasculares em mulheres
Dois estudos divulgados dia 15 de janeiro encontraram uma relação entre enxaqueca a uma maior chance de doenças cardiovasculares em mulheres. Os resultados de ambos os estudos foram publicados pela Academia Americana de Neurologia e serão apresentados em março, quando acontecerá o encontro anual da entidade.
Uma das pesquisas, feita no Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França, acompanhou, ao longo de 15 anos, 27.860 mulheres com mais de 45 anos, dentre as quais 1.435 relataram sofrer de enxaqueca com aura periodicamente. Durante esse tempo, foram registrados 1.030 casos de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou mortes por alguma doença cardiovascular. Os pesquisadores observaram que a enxaqueca com aura foi o segundo fator de risco que contribuiu para algum desses eventos cardiovasculares, ficando atrás apenas da hipertensão e à frente de diabetes, tabagismo, obesidade e até mesmo histórico de doença cardíaca na família.
A segunda pesquisa foi feita no Brigham and Women Hospital, da Universidade de Harvard. A equipe acompanhou, durante 11 anos, quase dois milhões de mulheres, dentre as quais 145.304 faziam uso de algum contraceptivo hormonal - 2.691 dessas relataram sofrer de enxaqueca com aura e 3.437 afirmaram ter enxaquecas sem aura. Os resultados mostraram que o maior risco de trombose venosa profunda foi mais perceptível entre mulheres que faziam uso de anticoncepcionais e que tinham enxaqueca com aura. Ou seja, foi maior do que entre aquelas que faziam uso de algum contraceptivo, mas não tinham enxaqueca, por exemplo.
Os pesquisadores afirmam que as pessoas não devem interpretar esses resultados com pavor. De acordo com eles, se uma pessoa sofre de enxaqueca com aura, ao tratar a condição, ela reduzirá o risco de problemas cardiovasculares. Além disso, ela deve procurar um equilíbrio entre outros fatores de risco que também afetam o coração, como cigarro e obesidade. Os autores não souberam explicar, porém, qual é o mecanismo envolvido na relação entre enxaqueca e fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Adote 12 medidas para proteger a saúde do coração
O Ministério da Saúde estima que 31,5% dos óbitos no Brasil são provocados por doenças cardiovasculares, tornando-se a primeira causa de morte entre a população brasileira. A hipertensão arterial e obesidade são consideradas duas das maiores vilãs da saúde do coração. Por isso, manter hábitos saudáveis é fundamental para blindar o coração. A seguir, confira 12 maneiras de proteger esse órgão vital:
Combata o estresse
O colesterol alto, que causa a hipertensão e obstrui as artérias do coração, é um dos efeitos do excesso de estresse. A ansiedade aumenta a liberação de cortisol no organismo, hormônio que faz crescer a concentração de glicose no sangue, desencadeando problemas como diabetes, altos níveis de triglicérides e descontrole de colesterol. Cada vez que você fica ansioso, a quantidade de radicais livres que passam a circular no seu organismo aumenta. Com a ansiedade, a presença dos radicais livres no organismo aumenta, podendo gerar o agravamento de problemas cardíacos. Isso porque eles interagem com o colesterol em excesso no organismo, formando placas nas paredes dos vasos sanguíneos, além de piorar certas doenças inflamatórias e causar envelhecimento.
Prefira os óleos vegetais. Na luta para abaixar
os níveis de colesterol, em vez de apenas restringir o consumo dos
tradicionais vilões do coração (como as gorduras saturadas), você pode
recorrer à ajuda de alguns mocinhos. O óleo de canola e o azeite de
oliva são bons exemplos de alimentos que você deve incluir na dieta.
Segundo a nutricionista Roberta Stella, as gorduras monoinsaturadas
presentes nos dois tipos de óleos vegetais ajudam a reduzir as taxas de
LDL, o mal colesterol. Já os óleos vegetais ricos em gorduras
poliinsaturadas, como o de soja, girassol e milho, aumentam os níveis de
HDL, considerado como bom colesterol. A dica da especialista, portanto,
é, além de ficar de olho na quantidade de gorduras saturadas e trans,
dar preferência aos alimentos com maior quantidade de gorduras mono e
poli-insaturadas.
Maneire nas carnes. Principalmente a carne
vermelha apresenta uma quantidade maior de colesterol. Ainda mais se
conter capas generosas de gordura. Porém, isso não significa que elas
devem ser totalmente excluídas do seu cardápio. "Controlando a ingestão
dos outros alimentos fontes de colesterol, é possível ingerir carne
vermelha até três vezes por semana", diz a nutricionista Roberta Stella.
O fato de as carnes vermelhas oferecerem mais colesterol, no entanto,
não faz com que os outros tipos de carnes possam ser consumidos à
vontade. De acordo com Roberta, as carnes brancas e magras também
possuem colesterol e, por isso, devem ser dosadas. "Os alimentos que
contêm colesterol devem ser monitorados de uma forma geral. Leve em
conta que o total da gordura obtido em um dia deve ser menor que 300
mg", completa. Uma dica: 100 gramas de contra-filé grelhado com gordura
contêm 144 mg de colesterol. Sem a gordura, a quantidade diminui para
102 mg.
Até o açúcar? Isso mesmo. Um estudo publicado no
Journal of American Medical Association sugere que, assim como uma dieta
rica em gordura pode aumentar os níveis de triglicerídeos e colesterol,
a ingestão de açúcar também pode afetar as taxas de lipídios. Para a
realização do estudo, foram analisados os níveis de lipídios no sangue
em mais de seis mil homens e mulheres adultos. Os pesquisadores
descobriram que pessoas que consumiam mais açúcar tinham maior propensão
de ter uma doença cardiovascular. Os cientistas não sabem ao certo que
processo está envolvido nessa ligação do açúcar com o colesterol, pois
até hoje, o que se sabia era a associação entre o consumo de açúcar e o
diabetes. No estudo, o grupo de maior consumo ingeria uma média de 46
colheres de chá de açúcares "escondidos" nos alimentos por dia. O grupo
de menor consumo ingeria uma média de apenas cerca de três colheres de
chá por dia.
Vegetais - sempre! Um importante estudo
científico divulgado no periódico americano Circulation demonstrou que o
consumo de proteínas de origem vegetal está associado à redução da
pressão arterial, ao mesmo tempo em que confirmou estudos anteriores de
que o consumo total de proteínas não aumenta os níveis de pressão
sanguínea. O ácido glutâmico, principal aminoácido encontrado nas
proteínas vegetais, é um dos micronutrientes que ajudam a controlar a
pressão arterial. Essa é uma das formas de se explicar a razão pela qual
os vegetarianos têm menor tendência a desenvolver hipertensão arterial.
Vitamina D. Um estudo realizado pela Universidade
de Michigan, nos Estados Unidos, revelou que 20% dos casos de
hipertensão em mulheres estão associados ao descontrole dos níveis da
pressão arterial em decorrência da falta de vitamina D no organismo.
Este nutriente pode ser encontrado em alimentos como a manteiga, gema de
ovo, fígado, entre outros, mas sua principal fonte de absorção é a luz
solar. Portanto, 15 minutinhos de exposição ao sol são mais do que
recomendados. O nutriente também é importante no processo de absorção de
cálcio e fósforo no intestino e na mineralização, ou seja, crescimento e
reparo dos ossos.
Sono reparador. Estudos recentes apontam que
cerca de 40% dos indivíduos hipertensos sofrem também de apneia
obstrutiva do sono, alertando para uma relação entre as doenças. A
apneia atinge aproximadamente sete em cada 100 pessoas e a incidência é
maior no sexo masculino. Estima-se que 24% dos homens de meia-idade e 9%
das mulheres são afetados pela apneia. A doença caracteriza-se pelo
ronco que segue em um mesmo ritmo, vai ficando mais alto e, de repente, é
interrompido por um período de silêncio. Neste momento, a pessoa fica
totalmente sem respiração, mas, logo o ronco volta ao ritmo inicial.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), Artur
Beltrame Ribeiro, quem sofre de apneia do sono apresenta mais
variabilidade da pressão e o aumento está ligado à lesão dos
órgãos-alvo, como coração, cérebro e rins. Além disso, uma noite bem
dormida tem a ver com viver mais, de acordo com um estudo da
Universidade de Warwick e da Universidade Federico II, na Itália. De
acordo com os pesquisadores, quem dorme menos de seis horas ou mais de
oito ao dia tem 12% a mais de chance de morrer. Com a qualidade do sono
prejudicado, crescem os ricos de acidentes, por conta da sonolência, e
de ataques cardíacos em função do estresse.
Vinho sim! Um estudo publicado no "Public Library
of Science One", mostra que pequenas doses de resveratrol, um tipo de
substância antioxidante presente nas uvas, em especial as tintas,
protegem o coração contra o envelhecimento e reduzem os níveis de
colesterol ruim, o LDL. No entanto, não vale exagerar: uma taça de
vinho por dia é suficiente para dar proteger o coração sem maltratar o
fígado, por conta do teor alcoólico.
Ouça a música do coração. Um estudo realizado
pela Universidade de Maryland, nos EUA, com 10 participantes que não
tinham nenhuma doença aparente constatou que quando eles ouviam por 30
minutos suas músicas preferidas ocorria a dilatação dos vasos
sanguíneos. Esse gesto se equipara a reação de uma gargalhada, ao fazer
atividades físicas ou quando tomavam medicações para o sangue. O
diretor da cardiologia da instituição, Michael Miller, explica que
ocorreu um aumento de 26% no diâmetro dos vasos, enquanto ao ouvirem uma
música que não agradava ocorria uma redução de 6%. Dessa forma, o
sangue flui mais facilmente, reduzindo as chances de formação de
coágulos que causam infartos e derrames, além de reduzir os riscos do
endurecimento dos vasos, característicos da aterosclerose.
Maneire no sal. Pesquisas científicas já
comprovaram a relação direta entre o consumo de sódio e a hipertensão
arterial. De acordo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o
brasileiro consome em média 12 gramas de sal por dia, quando o
recomendado seria limitar essa ingestão a 6 gramas. Em geral, a
quantidade é alta porque, além do sal contido no alimento
industrializado, as pessoas não dispensam apelar para o saleiro durante
as refeições. De acordo com a nutricionista Eliane Cristina de Almeida,
da Unifesp, o maior perigo do sódio é que ele está escondido nos
alimentos. "Alimentos como fast-food, comida congelada, salgadinhos,
biscoitos, refrigerantes, cereal matinal, embutidos, chocolate, carne
bovina, leite e derivados contém boa quantidade de sódio que não
costumamos perceber", diz a especialista.
Use fio dental. Uma pesquisa feita por cientistas
da Itália e do Reino Unido, publicada no site do Jornal da Faseb (do
inglês, "The Federation of American Societies for Experimental
Biology"), mostra que gengivas infectadas podem ser um fator de risco
para desenvolver problemas no coração. De fato, uma adequada higiene
dental pode reduzir o risco de aterosclerose, derrame e doenças no
coração, independentemente de outras medidas, como o controle do
colesterol. "Há muito tempo se suspeita de que a aterosclerose é um
processo inflamatório e que a doença periodontal tem um importante papel
na aterosclerose", afirma Mario Clerici, pesquisador do estudo.
Dieta mediterrânea. A dieta típica da região
banhada pelo Mar Mediterrâneo , ela é conhecida por seus benefícios ao
coração. Os principais participantes dos pratos são as gorduras
protetoras, que agem contra o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares , diz a nutricionista do Minha Vida, Roberta Stella.
Ela aumenta o nível de colesterol bom (HDL) e diminuir as taxas do
colesterol ruim (LDL) do sangue, além de evitar a obstrução das
artérias. Dentre as principais características dessa dieta, estão o
baixo consumo de carne vermelha, a ingestão de frutas, cereais e nozes, o
alto consumo de peixes, o consumo moderado de vinho e o azeite de oliva
como fonte de gordura saudável. Além disso, os peixes contêm ômega 3,
reconhecido como um nutriente cardioprotetor, isto é, beneficia a saúde
cardiovascular. Informações do Minha Vida
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