População baiana continua penando com a falta d'água

Dois meses, um mês, 20, 15 dias. Esse é o tempo que parte da população de Salvador, região metropolitana e interior do Estado tem passado sem ver água nas torneiras. O problema já passou de desconfortável para agravante, pois, em alguns municípios, até hospitais estão sem receber o líquido, que a esta altura é considerado mais precioso do que nunca.

A dona de casa Ana Maria Martins, que mora em Arembepe, distrito de Camaçari, não vê a água passar pelas torneiras de sua residência há mais de um mês, e o caso fica inda mais intrigante quando a cobrança da Embasa chega a sua casa. “Já não cai mais água nos meus reservatórios. Fico sem água, mas o recibo chega todo mês certinho com a conta sem desconto”, afirma.

Em Salvador, a situação não é diferente. Em cerca de 60% dos bairros – sejam eles periféricos ou nobres – falta água diariamente, e, neste caso, não há distinção de classe social. Nos bairros do Cabula, Pituba, Imbuí e, Pau da Lima, região da Paralela e Subúrbio, as reclamações são constantes.

Em Cajazeiras, mais precisamente na localidade de Fazenda Grande I, o morador Ícaro Santos, ressalta que a falta de água já completa um mês esta semana e mesmo com as diversas tentativas de respostas do órgão competente, não se chega a uma solução. “A população não sabe mais o que fazer, já esta fazendo um mês que estou sem água nas torneiras, já tentei entrar em contato com a Embasa, mas não consegui. Pagamos nossas contas em dia e temos o direito ao fornecimento. Estamos sem água pra lavar, tomar banho e cozinhar”, desabafa.

No interior do Estado, em Jacobina, a população se vira como pode. Quem tem de onde buscar – como casa de conhecidos ou dinheiro para comprar – ainda consegue realizar as necessidades básicas, mas há quem sequer possa garantir o banho e afins. E nos hospitais da cidade, carros-pipa são a solução.

Em Conceição do Coité, o sofrimento já chega há dois meses. “Em um povoado chamado Maxixe já estamos há dois meses sem cair uma gota de água. As crianças estão morrendo de sede, a água que a gente toma banho está servindo para beber. Pelo amor de Deus nos ajude, pois a conta chega, mas água que é bom nada”, desabafa, Marcos Paulo, morador da localidade.

A Embasa responde – Apesar do grande número de reclamações, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) enviou nota à imprensa nesta sexta-feira (11), afirmando que o sistema de abastecimento de Salvador opera normalmente.

A Embasa ressalta ainda que nessa semana, três incidentes afetaram a distribuição de água em algumas ruas da cidade, consideradas críticas, como a parte elevada de Boca da Mata, Sete de Abril, Pau da Lima, Canabrava, Jardim Nova Esperança e Coroado (São Marcos), abastecidas pelo reservatório da empresa localizado em Águas Claras. “Áreas críticas, que apresentam alguma irregularidade no abastecimento, representam menos de 1% dos imóveis da cidade”, afirma a nota.

De acordo com o diretor de operação e expansão da Região Metropolitana da Salvador, Carlos Ramirez, o sistema integrado de abastecimento de água da RMS tem, atualmente, três grandes obras em fase de finalização: a duplicação da adutora principal de água tratada, a duplicação da adutora de água bruta da barragem Joanes II e a ampliação da Estação de Tratamento Principal.

Entretanto, Ramirez admite que as ações de prevenção foram ineficazes. “Infelizmente não conseguimos concluir essas obras a tempo e por isso pedimos que a população colabore, fazen um uso consciente de água, principalmente agora no verão, quando a demanda é muito maior”, relata.

A empresa, entretanto, ainda não explicou o motivo da falta d’água em alguns municípios do interior do estado. Em caso de desabastecimento, o usuário pode tentar entrar em contato com a Embasa pelo 0800 0555 195. Varela Notícias