Com uma grande festa foram anunciados ontem à noite, no Centro Cultural Dannemann, em São Félix (a 110 quilômetros de Salvador), os vencedores da 10ª Bienal do Recôncavo. O evento, que já revelou figuras como Marepe e Joãozito, é um dos mais importantes do circuito das artes plásticas no Norte e Nordeste.
Com a obra intitulada Mata, que retrata, em um grande painel desenhado, uma cena divertida e violenta de Carnaval, o jovem soteropolitano Pedro Marighella venceu o Grande Prêmio, que concede um curso de artes em Milão, na Itália, com todas as despesas pagas.
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Pedro Marighella, vencedor da 10ª Bienal do Recôncavo, em frente do seu painel Mata |
A artista Liane Heckert, também de Salvador, foi escolhida para fazer uma residência artística na Bienal de Havana em Cuba, por Intangível, sua inusitada balança, criada em metal e vidro. De Valença, o artista M-Antônio recebeu um prêmio de R$ 5 mil, como Destaque da Região do Recôncavo, enquanto o soteropolitano Jaime Figura recebeu um destaque especial do júri por sua performance Poesia em Forma de Rock.
Já os artistas Flávio Cerqueira, Antônio Miranda, Bárbara Schall, Laura Gorski e Alba Vasconcelos foram agraciados com prêmios-aquisição no valor de R$ 4 mil, enquanto o paulistano Lucimar Bello recebeu um prêmio de residência artística do Instituto Sacatar.
Entre pinturas, esculturas, fotografias, instalações e vídeos, a Bienal exibe 200 trabalhos de artistas de todo o país e promove uma série de oficinas e palestras artísticas até o dia 27 de março de 2011, no Centro Cultural Dannemann, em São Felíx. A entrada é gratuita.
Público se identifica com trabalho vencedor da Bienal
A garotada que frequenta a Festa de Nossa Senhora D'Ajuda em Cachoeira se viu retratada no trabalho vencedor da 10º Bienal do Recôncavo. Foi a partir de fotos do embalo D'Ajuda, espécie de Carnaval que acontece nas madrugadas de novembro, durante a festa, que o soteropolitano Pedro Marighella, 30 anos, criou os desenhos do painel Mata, trabalho que venceu o Grande Prêmio da Bienal, no último sábado, no Centro Cultural Dannemann, em São Félix.
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Mata: grande painel desenhado retrata uma cena divertida e violenta de Carnaval |
"Você vê todo o tipo de gente nesse mural. Pedro soube expressar muito bem o povo daqui", disse Hans Leusen, diretor do Centro Cultural Dannemann, que concede o prêmio. A obra também foi elogiada por vários artistas como Joãozito, presente na cerimônia: "Pedro fez um ótimo trabalho, retratando esse acontecimento pleno, de puro caos, do embalo D'Ajuda".
IIustrador profissional desde os 15 anos e formando em Belas Artes na Ufba, Pedro afirmou que nem ambicionava realmente o prêmio, e que antes de tudo desejava dialogar com o público de Cachoeira. Dizendo-se um entusiasta e um crítico do Carnaval, ele foi à premiação usando uma camiseta de sua criação, com os dizeres "Não precisamos de cordas" - um protesto contra a segregação do Carnaval soteropolitano.
"Já no embalo D'Ajuda ninguém usa corda. É uma festa legal, muito intensa, em que o pessoal também está cheio de energia pra estravasar", diz ele, referindo-se a algumas imagens vioentas do seu painel.
Contente com o prêmio que lhe concederá um curso de artes na Itália, Pedro entretanto prefere não fazer projeções de sucesso futuro. "Para mim o importante é desenvolver meu trabalho. Não tenho pretensão de ficar famoso."
Entre pinturas, esculturas, fotografias, instalações e vídeos, a Bienal exibe 200 trabalhos de artistas de todo o país e promove uma série de oficinas e palestras artísticas até o dia 27 de março de 2011, no Centro Cultural Dannemann, em São Felíx. A entrada é gratuita.
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