‘Matar’
um parente para filar o trabalho é coisa do passado. Os trabalhadores
atualmente andam bem mais criativos. O que você acha de desculpas como
“Meu dedão ficou preso no ralo” ou “O corpo de minha avó está sendo
exumado para uma investigação policial”? Essas e outras pérolas fazem
parte de um estudo da empresa de pesquisa Harris Interactive, nos
Estados Unidos, sobre as desculpas mais esfarrapadas ditas pelos
empregados para faltarem ao trabalho. A pesquisa ouviu 2.494 gerentes e
profissionais de recursos humanos e 3.976 funcionários de empresas de
diversas áreas e tamanhos.
Mas quem duvida que os trabalhadores
brasileiros conseguem ser ainda mais criativos? O publicitário carioca
Renato*, por exemplo, mostra que imaginação não lhe falta.
Principalmente quando ele está de ressaca após uma noitada “daquelas de
chegar com o dia amanhecendo”.
“Foi mole. Eu disse que quando
fui abrir a porta para sair, a chave partiu e ficou um pedaço na
fechadura. ‘Estou tentando um chaveiro!’. Aí, depois de duas horas,
liguei de novo, dizendo que o chaveiro chegou, mas teria que trocar o
segredo da fechadura, porque detonou as molas. Só que, para isso, ele
teria que levar o miolo da fechadura, e eu não podia deixar a casa de
porta aberta sem ninguém, o que iria demorar mais algumas horas. E ainda
tinha que fazer cópia da chave”, contou Renato.
A
pitoresca história inventada por ele acabou dando certo, afinal o chefe
não teria como pedir um atestado do chaveiro, não é mesmo? “Outra boa é
a do vazamento na torneira da cozinha, mas também já arrumei
conjuntivite, dor de barriga...”, diz, rindo do seu estoque de desculpas
esfarrapadas, porém bem elaboradas e cheias de detalhes.
O
estoque do administrador baiano Marcelo* não é tão vasto, mas ele
também dá seus pulos quando, por motivos tão nobres quanto os de Renato,
não pode ir trabalhar. A última vez que aconteceu um “imprevisto” foi
no feriadão de 1º de maio, que caiu numa terça-feira.
“Eu
esquematizei uma viagem, só que como foi uma viagem internacional, não
valeria a pena voltar no dia 1º. Então comprei a passagem de volta para o
dia 2, quarta-feira. Aí, na quarta eu não trabalhei e mandei um e-mail
para o chefe dizendo que o voo havia sido cancelado e como não tinha
nenhum outro no mesmo dia, só poderia voltar no dia 2, o que me
impediria de ir trabalhar”, revela.
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