Em fevereiro deste ano, a Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife) — órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) — divulgou seu relatório anual sobre o perfil de consumo e tráfico de drogas em 2009. O abuso de drogas ilícitas na América do Sul vem aumentando, enquanto na Europa e na América do Norte a tendência é de queda (em 2008, foram aprendidas 19,5 toneladas de cocaína e, em 2009, 21,5 toneladas, um aumento de 15% em relação ao ano anterior, superando inclusive o México, com 19,3 toneladas) neste tipo de flagrante.
Ainda segundo a Jife, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de maior consumidor mundial dessa droga e tem a principal rota de tráfico internacional no Cone Sul. O relatório também apontou preocupação quanto à mudança do perfil do consumo no país. Há cada vez menos uso de drogas injetáveis e mais da cocaína fumada, conhecida como crack (nome devido ao som que é produzido quando a substância é consumida nos cachimbos). Essa tendência já era percebida na década de 1990, de acordo com artigo publicado na Revista da Associação Médica Brasileira (volume 43, nº 1, jan/mar de 1997) que revelava que a porcentagem de pacientes que relataram uso do crack havia aumentado de 17%, em 1990, para 64%, em 1993, em dois ambulatórios na cidade de São Paulo.
De acordo com o coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, o crack é menos utilizado que a maconha e a cocaína aspirada, mas o problema, diz, não reside na magnitude do número total de casos, e sim na gravidade dos quadros de consumo da droga. O uso no mês — resposta à pergunta “nos últimos 30 dias você usou a substância tal?” — é de 0,4% para a cocaína e 0,1% para o crack, na população de 12 a 65 anos, em 2005, revelam dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Unifesp. Pedro Grabriel explica que o consumo do crack — resultado de uma mistura de cristal de cocaína ou pasta base ou cocaína em pó (cloridrato de cocaína e adulterantes), água e bicarbonato de sódio — tem pelo menos dois fatores de risco: a dependência e a vulnerabilidade dela decorrente, que fazem dessa droga grave problema de saúde pública e enorme desafio para o governo brasileiro.
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